Otavio Augusto Teixeira Mendes




Otávio Augusto Teixeira Mendes nasceu em 21 de junho de 1907, em Piracicaba (SP) e faleceu em 17 de outubro de 1988, aos 81 anos de idade, em São Paulo.
Foi um profissional inovador do paisagismo. Soube materializar, como poucos, a ideia da paisagem para ser vivida, de Garrett Eckbo. Desenvolveu sofisticadas composições, reunindo a vegetação em grupos expressivos e valorizando perspectivas. Compôs jardins coesos e harmônicos, preservando certa independência entre suas partes.
Membro da primeira geração de paisagistas modernos de São Paulo, Teixeira Mendes trilhou um caminho peculiar. Não apenas se interessou pela renovação formal do paisagismo paulista, mas também, trabalhando no Serviço Florestal, esteve à frente de iniciativas originais em prol da preservação da flora do estado. Bem antes que houvesse amplas políticas de preservação ambiental em São Paulo, dedicou-se à criação de parques e reservas florestais. Conhecia bem as espécies da Mata Atlântica e buscou utilizá-las e divulgá-las largamente em suas obras de paisagismo, numa época em que predominavam os jardins de inspiração europeia nas residências paulistanas.
O paisagismo do Parque do Ibirapuera, criado a partir de 1953 para sediar os festejos do 4° Centenário de São Paulo, é obra de Teixeira Mendes. Esse trabalho foi escolhido pela organização do evento, vencendo a proposta de Roberto Burle Marx. O projeto de Teixeira Mendes envolveu um completo e detalhado estudo, compreendendo 80 pranchas, com plantas, cortes e perspectivas. Tamanho empenho se justificava na busca pela solução mais adequada para integrar o parque à cidade e ao conjunto arquitetônico desenhado por Oscar Niemeyer e equipe. Apesar das intensas alterações que sofreu ao longo de décadas, o parque ainda guarda referências do projeto original, como o traçado das vias e lagos, alguns enquadramentos do conjunto arquitetônico e as palmeiras e massas de eucaliptos, incorporadas ao projeto por serem os únicos elementos preexistentes de porte.
Teixeira Mendes atuou no Serviço Florestal do Estado de São Paulo entre 1942 e 1968, respondendo pela direção geral do órgão em duas ocasiões. Sua política de introdução de novas espécies para reflorestamento foi um divisor de águas, com expressivo impacto no meio rural, estimulando nova atividade econômica com consequente reflexo social. Os atritos com o então governador do Estado, Ademar de Barros, contraparente de Otávio por parte de sua prima indireta, Leonor Mendes de Barros, provocou a brevidade da sua primeira gestão à frente do órgão.
Teixeira Mendes é também o idealizador de outros espaços e planos de paisagismo que se tornaram referências na cidade de São Paulo e no interior do Estado. É o caso da Fazenda Nossa Senhora do Carmo (1951), atual Parque do Carmo, em Itaquera; dos jardins internos do Jóquei Clube de São Paulo, do late Clube de São Paulo (1949), do plano de urbanização do Jaraguá́ (1950) e do Parque Turístico da Cantareira (1961). No interior, projetou o parque residencial e fazenda da família Carvalho Pinto, em Amparo, bem como os entornos da Escola Agrícola de Pirassununga e o inovador paisagismo da Via Anchieta (1948), conduzido de modo a dissolver os limites entre as áreas atingidas pela construção da estrada e as matas naturais, ao redor.
Por longos anos, houve um silencio quase absoluto sobre sua obra. Afora vagas citações nos poucos livros de história do paisagismo paulista e brasileiro, praticamente evaporaram as informações sobre esse engenheiro agrônomo, inventor de alguns parques nos anos 1950 que se tornaram cartões-postais de São Paulo. Sua redescoberta deve-se principalmente à arquiteta Cássia Mariano, que realizou pesquisa de doutorado sobre seu legado.